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O futuro prepara-se localmente

De forma a minimizar o efeito das alterações climáticas, as cidades reajustam-se e preparam o futuro, tomando medidas para conseguirem mitigar e adaptar aquela que é uma das maiores preocupações deste século.

Nunca a destruição foi tanta e tão rápida. As alterações climáticas representam uma emergência sem precedentes e ainda que tenham uma dimensão global estão a ter um grande impacto local, nas pessoas, nas suas casas, nas infraestruturas. As Câmaras Municipais surgem aí como agentes da linha da frente.

“Em Portugal os fenómenos extremos da natureza têm-se feito sentir e, em regra, afetam as comunidades, desde logo as infraestruturas viárias e as relacionadas com a prestação de serviços essenciais, como a água, o saneamento básico e o abastecimento de energia, exigindo uma reposição urgente da normalidade”, explica Luísa Salgueiro, presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP).

Assim, torna-se importante que as prioridades das autarquias estejam alinhadas com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável definidos pela Organização das Nações Unidas. Como resume Luísa Salgueiro, “no sentido de todos serem agentes transformadores do mundo, de, com a nossa ação, contribuirmos para inverter a rota dos impactos da ação humana no meio ambiente e desenharmos um novo caminho para uma maior sustentabilidade ambiental e de recursos naturais”.

As prioridades das autarquias passam por estarem alinhadas com os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável “no sentido de todos serem agentes transformadores do mundo”

Nesse sentido, e segundo a presidente da ANMP, as autarquias têm “sabido dar uma resposta de proximidade às populações”, atuando em situações críticas através da proteção civil municipal. Ainda assim, há muito a fazer. Uma das ferramentas de apoio disponíveis é a Secção de Municípios para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, criada pela própria associação, que tem precisamente como missão a cooperação e a partilha de boas práticas entre municípios.

Mais do que isso, aponta Luísa Salgueiro, serve “para que todos os municípios adotem políticas públicas que ajudem a mitigar os efeitos das alterações climáticas”. Na lista das mais prementes estão “os objetivos de água potável e saneamento com reutilização de águas usadas, energias renováveis e acessíveis, cidades e comunidades sustentáveis, produção e consumo sustentáveis com redução de resíduos e aumento da recuperação, reutilização e reciclagem”.

A implementação destas medidas exige um volume de recursos financeiros significativos, daí a importância de existirem mecanismos de financiamento aos quais os municípios podem recorrer, como os fundos europeus do Plano de Recuperação e Resiliência, do Portugal 2030 e de financiamento direto para a ação climática como o Fundo Ambiental.

A par dessas medidas, todos os cidadãos têm a “responsabilidade de pensar e agir no sentido da preservação do meio ambiente, evitando comportamentos de risco que colocam em perigo as comunidades, os animais e a natureza em geral”, daí que todas as medidas de sensibilização que se possam desenvolver e implementar “nunca serão demais”, afirma Luísa Salgueiro. “Portugal apresenta um valor global de desenvolvimento sustentável de 64%, um valor animador, que evidencia que os municípios são parceiros ativos neste desempenho do nosso país”, conclui.