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Como fomentar sensibilização ambiental no meu concelho?

Com a sustentabilidade na ordem do dia, é necessário repensar hábitos, desde o que consumimos à forma como nos movemos. Mas tal como não se pode começar a construir uma casa pelo telhado, não se pode exigir cidadania ativa sem antes se apostar em educação ambiental.

As escolas são o primeiro espaço no qual se pensa quando o tema é ensino. Mas sensibilizar para a defesa do meio ambiente não é uma missão circunscrita à sala de aula. “A maioria da educação ambiental é feita junto de comunidade escolar, no entanto existe uma lacuna de conhecimento e promoção da literacia com públicos mais adultos”, alerta Cátia Nunes, Coordenadora do Programa de Educação Ambiental da Associação Natureza Portugal (ANP/WWF).

Para sensibilizar a população para a defesa do ambiente, todos os esforços contam, mas há entidades com mais recursos e, por isso, responsabilidade em chegar às pessoas, como as autarquias. “O poder local tem um papel crucial na literacia ambiental dos cidadãos”, afirma Carla Sofia Pacheco, dinamizadora dos projetos e atividades de educação ambiental para a sustentabilidade do Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA). E essa literacia pode ser fomentada através da “adoção de programas de educação ambiental”.

Algumas autarquias têm-no feito com o apoio da Estratégia Nacional de Educação Ambiental (ENEA 2020). Contudo, existem diversas organizações às quais os municípios se podem aliar para desenvolver projetos neste âmbito. É o caso do GEOTA, responsável há mais de 30 anos pela coordenação do Coastwatch Portugal. Este projeto europeu gratuito “promove e dinamiza a realização de percursos a pé nas zonas costeiras portuguesas, com materiais didáticos”, explica Carla Sofia Pacheco.

O objetivo é levar as pessoas a observar e recolher dados sobre a fauna, flora e ecossistemas, alertando-as para eventuais ameaças, como a poluição ou a erosão. “Neste projeto, as autarquias disseminam, apoiam e organizam as saídas de campo nas zonas costeiras, para a monitorização ambiental e recolha de lixo com escolas, público em geral, associações, entre outros”, acrescenta.

Além da recolha de lixo, o objetivo das caminhadas é levar os participantes a “observar e registar informações ambientais” acerca da fauna, flora, habitat e eventuais ameaças, como poluição. Neste projeto, as autarquias fazem parte do conjunto de coordenadores regionais. As suas funções passam por disseminar, apoiar e organizar as saídas de campo da Coastwatch Portugal.

“O tipo de educação e literacia ambiental que vamos desenvolver têm de estar ligadas àquilo que o indivíduo identifica como sendo importante para si”

Tal como o Coastwatch Portugal, o Co-Pesca 2 e o ParticiPESCA, ambos organizados pela ANP/WWF, são projetos que atuam junto das comunidades locais com vista a envolvê-las na resolução de problemas, uma vez que os efeitos serão sentidos sobretudo por elas. Ambos são projetos de “capacitação e empoderamento de pescadores” que os motiva a sentarem-se à mesa com cientistas e autoridades, de modo a “desenvolver regras para uma pescaria em conjunto”, em vez de essas diretrizes serem criadas “de cima para baixo”, refere Cátia Nunes.

“Em primeiro lugar, é preciso despertar interesse nas pessoas e procurar compreender o que é importante para elas”, explica, “o tipo de educação e literacia ambiental que vamos desenvolver têm de estar ligadas àquilo que o indivíduo identifica como sendo importante para si”.